Surgimento e evolução: a atuação em destaque
É difícil precisar o surgimento do teatro, mas o mais provável é que tenha nascido na Pré-História, caminhando conforme a evolução do homem até chegar ao que conhecemos hoje. A arte de representar veio basicamente das situações vividas pelo ser humano primitivo, ou seja, de sua necessidade de prestigiar, dominar e compreender a natureza e seus fenômenos. Ao longo de vários séculos, os homens utilizaram de danças, cantos e mímicas, por exemplo, para expressar também seus sentimentos, medos, ideias, vontades, passados, futuros e até mundos paralelos e fantásticos que eventualmente foram surgindo e dando os contornos do teatro moderno.
Nas palavras de Aristóteles, a imitação “é uma prerrogativa do próprio homem”, o que é perfeitamente aceitável, basta que peguemos simples manifestações do homem primitivo e as comparemos com o que é visto hoje como atuação: bater de palmas, mostrar de dentes, danças com os mais variados passos, bem como gritos, risos e choros.
O tempo foi um elemento essencial para o amadurecimento das ideias dos homens. Foi dessas pequenas encenações corriqueiras que nasceu a filosofia, num processo de criação que nunca mais cessou. E assim, surgiu a história cronológica do teatro, que apresenta personalidades importantes para o crescimento dos conceitos e das filosofia humanas.
O desembarque do teatro na Grécia
Foi com a sociedade egípcia, porém, que o teatro começou a se mesclar com outras questões além da natural. Aqui, as encenações expandiram-se para a área religiosa, onde passaram a ser tributos aos seus deuses, com histórias pré definidas voltadas para o entretenimento da nobreza da sociedade.
A história do deus Osíris, um drama mitológico, é a peça mais antiga que se conhece (escrita em 3200 a.C.). Relata a história do assassinato do deus Osíris por seu irmão Seth, escrito em papiro e descoberto em Luxor, no ano de 1895. Ele contém, entre outras coisas, as ilustrações das cenas, as palavras ditas pelos atores que representam a história e comentários explicativos.
Do Egito, o teatro seguiu para a Grécia, onde adquiriu seus pilares básicos pelos quais o conhecemos. No início, os gregos praticavam o “ditirambo”, uma espécie de procissão em homenagem ao deus Dionísio (ou Baco, em Roma), responsável pelas boas safras de uva na região, na qual se reunia centenas de pessoas tanto nas cidades, quanto nos meios rurais. Com o tempo, os “ditirambos” se aperfeiçoaram com variadas encenações das peripécias do deus homenageado, sendo comédias ou tragédias, assumindo o ar de ritual sagrado.
Foi na Grécia também que popularizou-se o uso de máscaras que expressavam uma característica marcante da personagem em cena ou o seu estado de espírito no momento.
O dono da ideia e responsável pela difusão desse elemento foi Téspis, considerado como o primeiro diretor e ator teatral propriamente dito da História – convidado pelo tirano Psístrato para organizar uma procissão na cidade de Atenas, Téspis percebeu que o público, devido ao seu volume, muitas vezes não conseguia acompanhar os diálogos da peça, mas que por meio das máscaras, coloridas e expressivas, o entendimento fluía melhor pois daí nascia a possibilidade de entender o que se passava na história com uma olhada rápida.
A narração das histórias ficava ao encargo do “Coro”, que funcionava como o intermediário entre os atores e a plateia, trazendo certos sentimentos à tona e arrematando a peça com uma conclusão moralista. Todos os papéis eram encenados por homens, pois a participação de mulheres era proibida, uma vez que não eram vistas como cidadãs.
A palavra “teatro” também nasceu na Grécia, vindo dos verbos “ver, enxergar” (theastai), e em pouco tempo sua prática se expandiu de um pequeno círculo para palcos elevados e com mais requinte, providenciados pelos escritores da peça da vez.
O Japão e a Coréia, mesmo sem contatos com o mundo ocidental, desenvolveram formas próprias de teatro. No Japão, o sacerdote Kwanamy Kiyotsugu, que viveu entre os anos de 1333 e 1384 da era cristã, foi o primeiro dramaturgo japonês. O seu teatro era de extrema perfeição técnica. Tinha entre suas principais manifestações, a dramaturgia Nô, surgida do ensino do budismo Zen e dotada de grande complexidade psicológica e simbólica, e o Kabuki, mais popular, embora igualmente importante.
Teatro romano
O teatro romano sofreu fortes influencias do teatro grego, com poucas modificações e novidades. No lugar de um palco, erguiam na capital, Roma, enormes tendas para as encenações. Como novidades podemos citar a criação da pantomima que, por meio de acordes musicais, era realizada por um único ator que representava todos os papéis da peça.
A influência do cristianismo sobre o teatro
O teatro chegou a ser considerado uma atividade pagã por força do Cristianismo, o que prejudicou muito o seu desenvolvimento. Ironicamente, foi a própria Igreja que o "ressuscitou", na era da Idade Média, através de representações da história de Cristo. Enquanto isso, atores espanhóis profissionais trabalhavam por conta própria e recebiam patrocínio, por meio de festivais religiosos que eram realizados nas cortes da Espanha, com alta influência herdada das encenações italianas.
Foi na Itália que surgiu o inovador teatro renascentista, que influenciou decisivamente outras nações europeias, por meio de caravanas realizadas por companhias de Commedia Dell'Arte.
Outra novidade italiana foi a participação de atrizes, além das evoluções cênicas, como o da infra-estrutura interna de palco. Inglaterra e França "importaram" as mudanças italianas e incorporaram-nas em seus estilos teatrais, com destaque para Shakespeare.
A evolução teatral
A partir do século XVIII, acontecimentos como as Revoluções Francesa e Industrial, mudaram a estrutura de muitas peças, popularizando-as através de formas como o melodrama. Nessa época, em todo o mundo, surgiram inovações estruturais, como o elevador hidráulico, a iluminação a gás e elétrica (1881). Os cenários e os figurinos começaram a ser melhor elaborados, visando transmitir maior realismo, e as sessões teatrais passaram a comportar somente uma peça. Diante de tal evolução e complexidade estrutural, foi inevitável o surgimento da figura do diretor.
O teatro do século XX se caracterizou pela quebra de tradições, tanto no "design" cênico e na direção teatral, quanto na infra-estrutura e nos estilos de interpretação. Hoje, o teatro contemporâneo abriga, sem preconceitos, tanto as tradições realistas como as não-realistas, subdividindo-se em diversos gêneros, com outros diversos elementos de cena e regras.
1 comentários:
fixe
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