Industrialização no Brasil

A chegada da fábrica no Brasil atrasou, porque a prosperidade do País, ao longo do século XIX, tinha sido motivada, sobretudo, pela economia de exportação agrária, onde o café desempenhou papel central. Dessa forma, a produção manufatureira cresceu de forma descontínua, em cada oportunidade que a exportação agrícola entrava em crise, e acabava quando esta última se recuperava.

No final do século XIX, São Paulo já apresentava condições favoráveis para a expansão do capitalismo urbano e industrial, como:

- disponibilidade de capital para investimentos em indústrias (o dinheiro de plantadores, comerciantes e financistas do café era investido na indústria em época de crise da exportação);

- existência de amplo contingente de força de trabalho à disposição do empresariado (a força de trabalho vinha da economia cafeeira, que, uma vez em crise, expulsava os trabalhadores desocupados, que, não tendo como sobreviver, vendiam sua força de trabalho muito barato para a indústria);

- formação de um mercado consumidor (o crescimento do operariado, das camadas médias e da burguesia do País constituía o conjunto de potenciais consumidores das manufaturas nacionais).

A industrialização nascia no Brasil, subordinada à ecnonomia agroexportadora e ao capitalismo internacional, que continuava impondo limites ao desenvolvimento dos países dependentes nessa divisão internacional do trabalho. Assim, era uma indústria que se limitava a alguns produtos para consumo que incorporava uma tecnologia simples (têxtil, roupas e calçados, alimentos, bebidas, fumo, madeira, química e farmácia, entre outros).

A produção de máquinas e equipamentos para a indústria, que teria sido importante para libertar o País da dependência econômica, não se fazia, porque era impossível concorrer com as economias fortes e desenvolvidas tecnologicamente da Europa e dos Estados Unidos. Por isso, sustenta-se que a indústria no Brasil chega atrasada e com um desenvolvimento industrial limitado.

Uma nova crise da economia agroexportadora, nos anos 30 do século XX, favorece mais uma vez a retomada da produção industrial nacional. Diante das dificuldades para importar produtos e equipamentos industriais manufaturados, novas fábricas foram criadas e as antigas passaram a empregar toda a capacidade produtiva. Entre 1933 e 1939, a indústria nacional cresceu 11,3%, contrastando com a agricultura, cuja produção aumentou apenas 1,7%.

A partir de 1930, sobretudo em 1937, este crescimento foi apoiado pelo Estado que assume a política de industrialização como necessária ao desenvolvimento da Nação. No entanto, este nacionalismo irá prevalecer em algumas circunstâncias, já que até a década de 1940, muitas vezes o Estado submeteu-se às pressões estrangeiras e sua economia continuou dependente no quadro da divisão internacional do trabalho.

No final dos anos de 1940, a industrialização do País, embora dependente, era um fato irreversível. A expansão capitalista e urbana aumentava o número e a importância das classes sociais mais novas: a burguesia industrial e financeira, o proletariado urbano e as camadas médias ligadas à burocracia estatal, às empresas provadas e ao setor de serviços.

Encerrava-se o primeiro ciclo representativo do capitalismo com os dois governos de Getúlio Vargas, entre 1937 e 1954.

Inaugurava-se a fase de Juscelino Kubitschek (1956-1961), com seu Plano de Metas dos "50 anos em 5". Este plano representou uma nova estratégia de desenvolvimento: substituição de importações de bens de capital (máquinas, equipamentos) e bens de consumo duráveis (automóveis, etc); o Estado voltava a investir maciçamente na construção de estradas, construção de Brasília, etc, e na indústria de base (novas siderurgias, ampliação da Petrobrás que tinha sido criada por Getúlio, construção de usinas hidroelétricas e outros empreendimentos).

Criava-se mercado para diversas indústrias e barateava-se o fornecimento de matérias-primas e insumos industriais, os investimentos estatais dinamizaram a economia que entrava em novo e vigoroso ciclo de crescimento.

O ciclo de crescimento econômico do final dos anos 1960 e da década de 1970, que coincide com os governos militares, é seguido de estagnação e inflação em grande parte nas duas últimas décadas do século XX. Essa crise levou a importantes mudanças na composição da economia, na gestão das empresas, nas relações de trabalho e na ocupação. Um fenômeno de ordem mundial, mas que teve impactos significativos também no Brasil.

O modelo de desenvolvimento (o chamado Brasil Grande), que era sustentado pelo investimento estatal, com bases nacionalistas, e uma forma hierárquica e/ou burocrática para gestão das empresas, deixa passagem para outro modelo que se impunha de forma gradativa, que ganhava maior visibilidade a partir da década de 1980.

Chega-se, assim, ao momento atual do capitalismo, chamado por alguns de capitalismo flexível, capitalismo financeiro, pós-fordismo, entre outras denominações. Hoje, vive-se uma forma de capitalismo que radicaliza a competitividade e pressiona cada vez mais pela globalização da economia. O capital penetra em todos os lugares geográficos, esferas da existência e em tempo real (sempre conectado no mesmo instante), graças às novas tecnologias.

Hoje, no mundo do trabalho, a ameaça do desemprego e os novos requisitos para manutenção do trabalho entram em cena. Observa-se uma diminuição sensível do emprego na indústria e o crescimento na área de serviços.

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Fonte: Adaptado de: ALENCAR, Francisco et al. História da sociedade brasileira. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1979

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Juliana Fernandes, estudante de 18 anos com sérios problemas mentais, inaugura seu 123343º blog, desta vez com o intuito de reunir o máximo de informação possível para o vestibular (e coisas mais!)
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