A improvisação como pensamento-ação

Improvisar, no sentido geral, significa executar determinada coisa sem preparação prévia, de forma repentina. A improvisação no teatro parte desta premissa; no entanto, distancia-se e alinha-se a este sentido original de diferentes formas.

A formação do ator: improvisação e processo criativo

Historicamente, a improvisação permeou o trabalho do ator em dois grandes sentidos. No primeiro, através da essência do fazer teatral do ator que, por mais preparado e previamente formalizado, executa no momento suas ações. Isto significa dizer que o espetáculo obtém na ideia de improvisação sua forma: o espetáculo de teatro (como todas as formas de arte ao vivo) completa sua forma no exato momento em que ela deixa de existir.

Diversos são os exemplos, na história do teatro universal, onde a improvisação está presente em diferentes graus. Desde espetáculos rigidamente formalizados (os espetáculos de tradições orientais, imóveis na sua forma há centenas de anos) até espetáculos experimentais de vanguarda americana da década de setenta (os Happening) ou técnica experimentais (o Contact Improvisation, onde não há forma ou roteiro previamente combinado entre os participantes).

O segundo sentido é o resultado das inovações teatrais do século XX, onde a improvisação passa a ter parte mais definitiva no processo criativo do ator ocidental. Durante o século XX, a ideia do laboratório teatral, como espaço de liberdade artística, é permeada pelo ato de improvisar que encontra aí uma ambivalência. Se, de um lado, a improvisação pressupõe esta criação espontânea e nova, de outro, este novo é sempre a síntese das ações e experiências passadas.

Para Stanislavski, Brecht, Copeau, Meyerhold, Grotowski e tantos outros, a improvisação significa um caminho livre no qual o ator atinge o seu inconsciente, mergulha no seu eu, como fonte de toda a criação dramática possível. A improvisação passa a ser entendida como o grande método de criação para o ator.

Em Natureza e sentido da improvisação teatral, Sandra Chacra afirma que:

"o ator está sempre improvisando. Não há como escapar de uma arte cuja essência é a qualidade momentânea, a efemeridade, o hic et nunc do teatro. Um ator nunca se repete, mesmo que deseje, pois é impossível uma reprodução idêntica do desempenho, dada a própria natureza da arte dramática."

Como método e como estrutura teatral, a improvisação confunde-se com o próprio agir do ator e pode ser considerada uma capacidade de criação. É ponto de partida e ponto de chegada de um processo contínuo.

Para o ator, a improvisação "exige uma veloz compreensão, um rápido dar-se conta da situação e uma resposta quase imediata; tudo na mesma pessoa". Esta exigência faz da improvisação o principal método usado pelo teatro, no século XX, para a formação dos atores. Escolas de atores de diferentes locais, no ocidente, usam a improvisação para os aprendizados de técnicas distintas como clown, bufão, máscaras, mímica, além de usá-la como processo de abordagem do texto dramático.

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Decidi compilar todo o conteúdo das apostilas da Fundação Ioschpe (que fornece o material para o Formare) para caso eu perca a pasta ou coisa parecida. Funciona também como forma de estudo não-massante, achei legalz!

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Juliana Fernandes, estudante de 18 anos com sérios problemas mentais, inaugura seu 123343º blog, desta vez com o intuito de reunir o máximo de informação possível para o vestibular (e coisas mais!)
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